29 January, 2019O fabricante alemão de automóveis recusa-se sistematicamente a conceder aos seus trabalhadores em Chattanooga, Tennessee, EUA, os mesmos direitos vigentes nos restantes países do mundo, de modo que o IndustriALL Global Union decidiu suspender o acordo global fechado há muito com a Volkswagen.
Na reunião do Comitê Executivo do IndustriALL Global Union realizada em dezembro do ano passado, foi tomada a decisão unânime de suspender o Acordo Marco Global, a denominada Declaração sobre direitos sociais e relações industriais na Volkswagen que salvaguarda os direitos trabalhistas, caso o gigante automobilista alemão continue a negar aos seus trabalhadores na fábrica em Chattanooga o direito à livre sindicalização.
“Lamentamos o comportamento da Volkswagen, mas enquanto a empresa se recuse a respeitar o seu compromisso assumido em 2002 com a IndustriALL não vemos nenhuma alternativa senão considerar o acordo suspenso a partir de hoje, e estamos considerando novas ações juntamente com os sindicatos nossos afiliados,” afirma o secretário-geral, Valter Sanches.
Em dezembro de 2015, os trabalhadores qualificados na fábrica de Chattanooga votaram a favor da sindicalização no UAW. Além de não reconhecer o resultado da votação democrática no lugar de trabalho, a Volkswagen está lutando ativamente nos tribunais, tentando impedir que os trabalhadores se sindicalizem.
A Volkswagen apresentou recurso contra uma sentença do Conselho Nacional das Relações Trabalhistas estadunidense (NLRB) de agosto de 2016 que decidiu a favor do UAW, no sentido de parar impedir que os trabalhadores/as exerçam o seu direito fundamental de liberdade de associação.
Em carta à IndustriALL com data de 15 de janeiro deste ano, a empresa declara que aceitará a decisão final do NLRB, mas não faz nenhuma menção de retirar o recurso apresentado contra a sentença emitida anteriormente pelo NLRB a favor do UAW, algo que a IndustriALL tem exigido.
“Temos boas relações laborais com a Volkswagen em todas as outras partes do mundo e é lamentável ter de suspender o Acordo Global Marco. No entanto, o direito à liberdade sindical e negociação coletiva é central para nós,” continua Sanches.
“A votação dos trabalhadores qualificados na fábrica de Chattanooga encontra-se em conformidade com a Convenção 98 da OIT bem como a legislação estadunidense, sendo a Volkswagen obrigada a respeitar o direito dos trabalhadores à livre escolha do seu sindicato.”
Numa reunião de dezembro de 2018, o Comitê Mundial dos Trabalhadores da Volkswagen declarou por unanimidade a sua solidariedade incondicional com os trabalhadores da Volks em Chattanooga e defendeu o seu legítimo direito de se afiliarem ao UAW.